ARCA TRANSPORTADA
SE É QUE POSSO
Se é que posso me purificar enquanto o coração me remete ao destino. Se é que posso saber-me tolerar, expulsar o medo da loucura, revelar às sombras o que está por ser revelado.
Lanço fora um considerável espanto, manifesto extrair da raiz a carne da jovem penitente, o abandono ofensivo, a profanação da intimidade. Não me atrevo a falar sobre o assunto, tal a dor, a falcatrua, a indignação, a falência da ética, nada posso dizer. O tiro não falhou, começa a morrer um pedaço de mim, me inclino a tornar inútil minha dor. Falseada a verdade, nada a acrescentar, mantenham-se os perigos, ocultem-se os riscos, omitam-se os medos. Faltou desesperar.
Escritos Fenícios
© 2018 Roberto Curi Hallal