Roberto Curi Hallal

ROBERTO CURI HALLAL

ALEGRIAS DEVOLVIDAS

O SILÊNCIO DOS FARÓIS

Tendo os olhos cansados de tanta adoração. O que não alcanço entender é o porque do silêncio dos faróis, que se negando a ouvir os barulhos, bastando-se com iluminar, estejam contentes em seus lugares, altivos e impassivelmente funcionais, parecendo estátuas. Porque tanto temer a esse mar que é uma das formas de natureza? Seus murmúrios poucos ouvem, seus gemidos se fragmentam na rebentação das pedras que o recebem gentil, deixando-se cobrir de espumas. Fingido mar, quando todos pensam ali estar sua morte incessante ele retorna ao curso de sua máxima função, entre marés que levam e trazem o mar, ele sóbrio e abstinente, respeita as luas que ordenam os movimentos e avisa limites.

Entre raciocínios que embaralham a dignidade e a estima, juntando insolentes e ofensores, o maior perigo é perder-se a luz do farol, acabando de vez a noção do rigor e os esforços para restituir o caminho perdido.

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Escritos do Eu

© 2018 Roberto Curi Hallal