AMORES ECLIPSADOS
ILUSÃO DE AMOR
Esse amor engatilha para ir embora, subtraindo o compromisso, mas prometendo voltar. Condenado a não escapar dos fragmentos de cartas, promete fazer como as flores, imitar a reincidência das ações, quando seja primavera. Esse amor promete escapar ao perigo, desencontrar-se até do que é seguro, confessar o impossível, molhar os olhos que conjugam o teto e o chão, o lábio, o peito e a mão. Esse amor prepara para ir-se. Mas espera o destino da cilada.
POR AMAR DEMAIS
Entregávamo-nos, depois do sono nunca interrompido pelos cuidados, a recuperar a geografia mútua pelas mãos desejosas de carícias. Ávidos de lembrar cada prazer, envaidecíamo-nos com homenagens e, aos mimos, sempre se juntavam outros, que metiam- se pelas covas, entranhas, fendas, envolvendo-nos numa contínua descoberta, amontoando beijos, mãos, cascatas de gozos, recapitulações, perigos, felicidades, tentativas, olhos pregados nos olhos, advertidos de amar demoradamente e demais.
Escritos do Eu e Tu
© 2018 Roberto Curi Hallal