ÂNFORAS E ÂNCORAS
A CHAVE DA MINHA CASA
A chave da minha casa ainda me pertence. Não repetirei enganos, esquecendo nomes, enquanto perco a direção da minha razão. Minha vontade é de abrir todo o óbvio ocultado, não aceitado. Não me inclino às falsas esperanças, à manipulação das palavras que gravam na minha alma angustiada um pedido de paciência no meio do meu desespero. Há gente capaz de viver o pior como se fosse alheio; para mim, o pior é o que não quero que me aconteça. Ele vem como uma reprovação, lança âncora em terra firme e me joga sem boia no mar.
POR INSTANTES
Por instantes, pareço rodopiar no tempo de forma inapropriada. Não sei o que fazer desses meus sonhos que nunca acabam de reinventar-se. Da vida poderia cobrar alguns favores que não me foram devolvidos, alguns méritos negados. Desgostoso, poderia fazer como todos aqueles que desaparecem sem deixar rastros. Mas evitarei perder todo o juízo, manterei uma certa cerimônia com a vida.
Escritos do Eu
© 2018 Roberto Curi Hallal