Roberto Curi Hallal

ÂNFORAS E ÂNCORAS

A CHAVE DA MINHA CASA

A chave da minha casa ainda me pertence. Não repetirei enganos, esquecendo nomes, enquanto perco a direção da minha razão. Minha vontade é de abrir todo o óbvio ocultado, não aceitado. Não me inclino às falsas esperanças, à manipulação das palavras que gravam na minha alma angustiada um pedido de paciência no meio do meu desespero. Há gente capaz de viver o pior como se fosse alheio; para mim, o pior é o que não quero que me aconteça. Ele vem como uma reprovação, lança âncora em terra firme e me joga sem boia no mar.

POR INSTANTES

Por instantes, pareço rodopiar no tempo de forma inapropriada. Não sei o que fazer desses meus sonhos que nunca acabam de reinventar-se. Da vida poderia cobrar alguns favores que não me foram devolvidos, alguns méritos negados. Desgostoso, poderia fazer como todos aqueles que desaparecem sem deixar rastros. Mas evitarei perder todo o juízo, manterei uma certa cerimônia com a vida.

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Escritos do Eu

© 2018 Roberto Curi Hallal