BANCO DE AREIA
A FELICIDADE
A felicidade é construída pela visibilidade daqueles que nos amam.
MEU PÃO
Pedi licença para omitir, nem em sonhos afrontar. Autor da criação mais bizarra, fiz o pão que o diabo se recusou a mastigar, cantei em comemoração, até sumir com a receita me refugiei com a mente vibrante e um mórbido prazer. Do grão à farinha, um caminho de desvios. Enfraquecer o diabo com uma ilusão me impedia de falar, quanto compensei as contrariedades. O diabo fragmentou minha caravana, impedindo-nos de olhar para trás, ficando longe da identidade com todo o meu apetite de pertencer, de ser-me nela. Com aversão aos anonimatos, meu interessei pelas origens, elas me colocavam ora na montanha, ora no mar. Provocaram em mim a ousadia de resistir, mas a minha casa não era mais minha, quem ali morava não entendia nada da minha história. Antes de sair ali enterrei o grão com que enganei o diabo, dali transportei o grão do trigo milenar, iluminado para ser o alimento que germinou em terras longínquas.
Escritos Fenícios
© 2018 Roberto Curi Hallal