NARRADOR DECRETA

Quando o narrador decreta que determinado personagem é corajoso, ou“mais honesto do planeta”, o leitor fica diminuído debaixo da ordem do autor, da mesma maneira se o narrador decreta que o personagem é uma pessoa que mereça repúdio por sua honestidade e transparência. O personagem é assim e nenhum leitor poderá concebê-lo de outra forma. Não importa o mérito, mas a caracterização dos personagens. Se um homem muito rico determina que se: “invista quando há sangue nas ruas” (John D. Rochefeller), se ele for milionário o narrador dirá que é um investidor com sucesso, se for algum coletor incentivando nas ruas à doação de sangue (seu João que faz diálise) será um reles e pequeno sofredor.

Se um homem rico (John D. Rochefeller) diz: “Sempre procurei transformar os desastres em oportunidade” será nomeado como um exemplo a ser enaltecido dirá o narrador, entretanto, se a vida ensinou ao seu João da diálise a dizer “sempre procurei as oportunidades para evitar os desastres”, será uma das vítimas da ganância do oportunismo alheio e nenhum narrador destacará seu valor.