DESFORRAS
A VOZ DAS PALAVRAS
A voz das palavras me separa da ilusão, é como uma luz. Como fazer para não falar? Trata-se de inventar um mundo aparte, que seja tão real como esse que esta aí, ao lado, todos os dias. Com evidentes transformações me escondo para não fazer feio, mostrar tanto despreparo para o viver. Exilo-me dentro de mim, meu silêncio registra murmúrios tentando fabricar novos sons que se resistem a ser nomeados.
HÓSPEDE
Retomo-me depois de longo tempo, sem dizer tantas palavras que guardei. Certas presenças me desconcertam porque me acostumei a falar sozinho pensando nas atitudes de simpatia alegre com que me renovo como criança feliz. Cada vez mais me reencontro exaltando o ânimo quando enfrento conhecidos medos e a solidão. Então me faço hóspede de mim mesmo, me acolho e me acolho sem alcançar tomar conhecimento de quem se dispõe a me amar.
Escritos do Eu
© 2018 Roberto Curi Hallal