CAMINHOS FECHADOS

Com os caminhos cuidadosamente fechados, invento desvantagens. Convido à inquietude, recolho a tormenta, insinuo sinais, indico uma repulsa, minto- me até que não pareça real. Dou ressarcimento à minha decência, não sei nomear as causas. Mostro conveniência em cumprir adestrado o que fico impossibilitado de sentir. Silencio, infiltro provas, omito evidências, e, mutilado, estabeleço argumentos pouco insistentes que, sabedores da impossibilidade, não cessam. Espero ansioso preservar o peito aberto que se nega a fechar e a mudar; desnudado, o sentir quer seguir sendo oferecido.

TENTO PARAR

Tento parar, empurrar minha decepção para outro lugar onde existem odores recíprocos, amores amistosos, mãos e braços serenos e espontâneos. Já que não confio em labirintos e promessas, já não quero sobressaltos que me urjam pesos insuportáveis.