REVISO MEMÓRIAS
Reviso memórias, reviro armários, volto a um lugar de onde nunca saí, releio aquele poema que me iniciou, rasgo a pele até chegar ao osso, provo que o sangue é meu, onda que cai e cala fundo avisando que a chaga ainda está aberta.

NOVAS BELEZAS
Propenso a atenuar esse meu assombro, dissimulo cada vez que incorporo com um olhar diferente uma beleza recém descoberta. Entro a fazer alterações, como se plantasse ruídos no meu aquietado espírito inclinado à novidade. Apenas mostro indícios do que antes não via, por isso incapaz de ser pronunciado. Recorro às dúvidas, minha percepção soçobra à vida que me ofusca, em seus estilos antagônicos consciência e percepção competindo abusando das regras e inventando-me um corpo aberto e uma alma aprisionada. Estas novas belezas dão entrada na minha vista informando-me da vida mantida, presente, quem sou eu perdido nesses desconhecidos caminhos que vem para polir o meu olhar, para não cessar o meu sentir?