RUMOS
MEIO TERMO
O modo como me faço presente denuncia um velho hábito de acabar nos extremos do êxito ou do fracasso. Abjuro o meio termo, ele não me diz nada, nem máscara nem cara lavada, nem ontem nem amanhã. Em tempos presentes, de desperdícios, evito bater em retirada, odeio ficar meio na vida, meio fora dela, de tudo. Ausentar-me estando, sendo o mesmo que ir; ficando. Torno-me possível, assim não me desfaço nem me isento de ser quem sou. Afino o idioma ao mesmo tempo em que quase nada calo.
FALTA DE LIBERDADE
Troco a indenização e a culpa pelo ardor que me inflama, autoriza e unifica todos meus afetos com ânsia de realização. Novos discursos me passam pela cabeça para dizer o mesmo que sinto desde sempre. Nego-me a satisfazer-me em pedidos de perdão. Nessa batalha crônica não escolho parceiros, todos os meus atos se unem contra a falta de liberdade que se antepõe à autonomia impedindo-a de todas as maneiras.
Escritos do Eu
© 2018 Roberto Curi Hallal