SABER QUEM SOMOS
ALMA POROSA
Do fundo da minha alma calo e assisto a um sentir que faz mais sentido sendo quieto do que dito.
Havendo sobrevivido, aprendi a cair, perder pedaços com cada morto amado em vida. Sobreviver como se houvesse perdido tudo. Salvadas as lembranças, retomado o rumo, que me banhem o sol e a lua.
Já não basta uma inocente desculpa para não seguir. Novo passaporte, a troca do impacto pelo nada. Escolho a rua, o passo, a comida, a marca do café, a hora do sono. Rompo as margens, a vida libertada, não circunscrita a nada, nem a ninguém.
Minha alma ficou tão porosa, que deixa a vida por ela passar, a vida que passa, que passa, que muito rápida já passou.
Escritos Fenícios
© 2018 Roberto Curi Hallal