Roberto Curi Hallal

ROBERTO CURI HALLAL

SEM PORTO

ANTES DE DESABAR

Não aconselho ancorar no padrão dos dedicados amantes que se entregam com doçura esperando retorno. Eles choram por detrás das portas, se jogam ao chão, vomitam o ódio pelos ouvidos, falam pelos olhos, desejam o pior catando as lembranças para não saírem com vontade de ficar. Retiram-se afastando o inoportuno, alongam uma afeição, exageram a gravidade, deliberam habituar-se à ausência. Modelam uma solidão, suprimem as saudades. Distribuem afetos calculados porque não têm um passado edificado, sucumbem ao cinza. Na borda da ternura aprimoram a agudeza do espírito para amar sem tanto sofrimento. Ornado de falsas dedicações, fingem que se divertem, afirmando o pensamento em controlar o gemido que ameaça brotar. Afirmado no desconhecido de si mesmos, não poderão mais aguentar a dor que acompanha os fracassos do amor.

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Escritos do Eu

© 2018 Roberto Curi Hallal