TANTAS DORES
Farei com que se movam os corpos, balancem as almas, revirem os olhos, se voltem às páginas anteriores, se releiam os textos para causar o riso, compareçam para servir a vida como água potável.
Quando vejo, me reencontro com a alegria, e eu me doo e espero que a vida me dê às delicadas e esperadas gentilezas. Hábeis argumentos emancipam minha carência. A vastidão de bens disponíveis adoça meu olho, meu riso frequenta a vida. Tenho que criar novas necessidades.
Evoco a excitação que me comunica esses sentimentos permanentes. Partilho a alegria de viver dando ressonância à fertilidade que me anuncia que em ti eu tenho a raiz.
Acabados meus prazeres inocentes, permaneço emocionado, respiro teu ar, és meu vício, teu olhar voa até meu amanhã nas tuas insinuações, fincas no meu futuro um consolo para meu arsenal de recursos.
Deixei de obedecer a ditas fecundas tarefas, razões arbitrárias, protocolos desumanizados, promessas inconsequentes. Já não sei mais ter solenes inocências.
Alhures
© 2022 Roberto Curi Hallal