Roberto Curi Hallal

TANTOS AMORES

Amores apressados, monologados, vividos apressadamente, que ao serem relidos na íntegra deixem à mostra, tantos vazios, tantas urgências que aparecem emergentes com gravidades extremas, de tão insólitas, parecem realidades inventadas pedindo socorro.

Um amor fingido, poupado em declarações excessivas, poupou-te do susto que poderia ser um convite ao que não querias. Discreta na concessão de momentos, nada se revelava em ti duradouro, nenhuma orientação que conservasse deveria aparecer. Preferes uma liberdade que fique em mãos que sejam as tuas.

Trago um consolo pelo que já não valia a pena, enquanto eu falava em poesia teu estado de espírito vivia de mau humor, cansado das minhas declarações me oferecestes um sincero desprezo por tudo aquilo que não reconhecias.

Me dizes não como se meu corpo pertencesse a outra alma. Trata-se de um corpo inundado de realizações precárias, reclamando instintos vivos, arremessados como furiosas marés.

Transportei esse amor que foi direto ao seu objetivo, em busca da cor, do perigo, da semente, da revelação, até deixar de ser uma fecunda tarefa.

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Alhures

© 2022 Roberto Curi Hallal