AINDA HOJE

Ainda hoje me faz falta repensar os medos tidos em vão, falando mais alto que as minhas defesas, faltando ao respeito com os meus limites. Exposto a perder pais, a chave da casa, irmãos, infância e minhas origens. Abafado no silêncio da noite que não dispensava pesadelos, olhares graves, notas escolares sofríveis, excesso de peso auxiliando menosprezos, indícios de intromissão alheia, de barcos e velas desgovernados implorando por portos seguros, e alguém que ali inventasse uma espera.

ADORMECIDO

Adormecido diante da paz que me serena, sequestro do tempo a pressa, empresto o silêncio à multidão, extraio o ódio dos rancores, desvio a bala perdida, protejo a ferida, ofereço as provas extraídas da terra fértil, o suco pelas abelhas extraído das flores, o sonho que ainda está por vir.