PLANTANDO LETRAS
TESTAMENTO FANTASIADO
Espíritos soberanos armazenados reaparecem no rascunho do meu testamento. Contam todas as vezes que suspiro, descontam os batimentos que ainda faltam ao meu coração. Enlouquecidos, não decifram os códigos da minha alma, que, desobediente, sai por aí sonhando travessa e qualitativa, não aceitando as renuncias, querendo somar as belezas ainda por ver. Essa minha alma não se habitua à aposentadoria, à dor no peito pelo o luto crônico. Avessa a pressa, caminha devagar, prudente e cautelosa, cuidando do dia a cada dia.
Deixo as orações para aqueles que me encomendem a alma. Descrente, cedo um pouco do calor do inferno para a paz fria do céu, convoco os tolerantes do purgatório a festejar as penas brandas do limbo. Fecho minha viagem sabendo que eu e ela viraremos pó, por aqui.
Escritos do Eu
© 2018 Roberto Curi Hallal