A DESQUALIFICAÇÃO DAS CRENÇAS

A desqualificação das crenças aumenta. Desde as mais ingênuas até as mais sofisticadas, as crenças não conseg- uem explicar o presente, o passado nem se animar a prever o futuro. A incerteza vincular plantada pelo desprezo e pela disseminação de um estado de desumanização da vida, da depreciação dos Valores e do enaltecimento dos vícios. A atrofia discursiva, neutraliza a vida e o silêncio inteligente das aldeias, a invasão do consumismo cria necessidades absurdas e a globalização distribui ficções, disfarça a transparência e protege os que se refugiam no submundo. A realidade de necessitar convívios, de conhecer o lugar onde se vive, o contato com a natureza, com a paisagem, conhecer as praças, os vizinhos, foram substituídas por emparedados, aprisionados, encerrados e abatidos pela tristeza, condenado a viver nos difíceis acessos que levam a lugar nenhum, moradias deficitárias e decadentes, desempregados, divorciados, os encontros cada vez mais supérfluos sem alcançar o intercambio silenciado pela carência de cada um falar cada vez mais de si chegando a especializar-se em monólogos narcisistas, experimentação de um refúgio na solidão para dar sentido à existência.