PEÇO ASILO
NASCIDO AMOR
Estou seguro de que o amor ao qual me refiro ainda aguarda algo que não tem mais volta, perdido embora não admitido, anda se fingindo de miragem, de ficção, feito um efeito especial carregando tentativas corroídas, estúpidas esperanças, estimas diminuídas. A extravagância denuncia-lhe a procedência, saltou de algum coração amassado, de algum ensaio esquecido, atrevido, trazendo uma crônica tristeza de haver nascido impossível.
RESTOS DOS TEMPOS
Ainda busco pistas dos tempos perdidos, quem os recolheu? Isto houve? As memórias se guardaram em trechos ou minutos? Ficaram aonde, navegaram ou se fixaram em algum porto, envelheceram sucumbindo ou houve chances? Tiveram asas ou viajaram nos silêncios, ou ancoraram nas palavras que cumpriram o que foi permitido salvar? Feita a memória daquilo que ela protegeu, levou consigo, e já não mais está? Quase inexplicável: o que havia sido deixou ou não de ser? Reduzido a um segredo ou dúvida, resgata ou preserva? Confirma ou corrige? Brinca ou declara? Segue real ou inaugura ficções? Estabelece relações ou cria imaginários, suporte das fantasias? Fica longe ou se esconde por perto?
Retalhos
© 2022 Roberto Curi Hallal