Roberto Curi Hallal

ARSENAL DE RECURSOS

Acabados meus prazeres inocentes, permaneço emocionado, respiro seu ar, ela é meu vício, seu olhar voa até minha manhã em suas insinuações, ela instala no meu futuro um consolo pra meu arsenal de recursos.

Entraste na minha vida esperando albergue, fui companheiro dos teus silêncios doceis e indecisos, uma imprevista timidez que circulava na nossa intimidade misturada às horas de falar e de calar. Pensávamos então que isso era o suficiente, que isto alcançava e sobrava como plano para o resto da vida. Viajando nessas nuvens saímos carregando nossas raízes enredadas no labirinto e às vezes disfrutando do paraíso.

Conto um a um os bens vividos, emudeço todas as razões antes que elas me convençam a epilogar nossa história.

Se eu soubesse o tempo das esperas, o valor do tempo, o volume de água e de todos perecíveis, da importância de todos os bons-dias, todas as boas-noites, e no dia-a-dia as ofertas de um pouco de si. Nessa troca lúdica eu absorveria o todo para repartir em pedaços as várias carências colecionadas e a surpresa em ver-nos satisfeitos.

Renuncio as miragens. Nutrido de vida promovo uma imitação, fascinado, ocupando um lugar inspirado, dou prosseguimento; escrevo cartas de amor.

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Fracionário

© 2022 Roberto Curi Hallal