Roberto Curi Hallal

ROBERTO CURI HALLAL

MINHA ALDEIA ADORMECIDA

Debaixo do vestido há de ter a carne, debaixo da carne fincados os ossos parecendo- se a dona, ornamentando a postura, o perfil, indícios de saber-se de quem se trata. Sempre debaixo de tudo haverá uma pessoa coberta, escondida, sendo sempre ela.

Não me contento com pouco dizer, sabendo que as palavras exigem proporções, proeminências, as bocas dissimulam afetos que elas insistem em transportar como discretas e secretas, confirmando ou contradizendo, mais acima ou mais abaixo do que deviam estar.

Esta noite se mostra quieta, propicia às tais conversas, podemos gastar um pedaço da noite para tirar o amor dos livros e imitar estimas desacostumadas às práticas, tirando do exilio carinhos forasteiros para fundamentar e distribuir pelos ofícios graças construídas em nome dos prazeres e dos espantos.

Aceitando eu as boas-vontades, estimei reciprocidades, não me pesou a generosidade da oferta nem me pesa o reconhecimento, não posso dizer o mesmo da sua falta. Praticar valores agudiza os primores sobre tais delicadezas que se acham em mui poucas pessoas.

Lutando entre o que devo e o que quero, sou autor de muitas contradições, algumas anônimas outras reconhecidas e assinadas. Geralmente compiladas juntas, se misturam na evolução e na involução insistindo em que eu, seu autor, lance mais detalhes para completar a exposição.

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© 2022 Roberto Curi Hallal