Roberto Curi Hallal

TOLERÂNCIAS DESABITADAS

Se me deixares descobrir os teus caprichos, prometo-te realizá-los. Encerrando toda a tua melancolia, porei letra e música nesse encanto que te envolve. Responderei aos teus silêncios, chegarei a tempo, farei divertida a conivência, induzirei à celebração de uma intimidade corajosa. Ao pé do teu ouvido sussurrarei algo que te seja inédito. Direi o que queiras ouvir, direi que a minha vida será dar-te o ar para que respires. Farei claras as intenções que rodeiam esta justa proposta para alimentar as memórias que ficarão.

Nesta adoção de cuidados está o suporte que me recupera o interesse pela vida. Esse encontro com a amada me ameniza o pouso. Ela sabe fazer amor, preservar o encanto, me ensina a viver. Ela sabe que meu amor desgastado necessita de mimos, mobilizações que o sustente. É quase um triunfo espantar a solidão, superar o cansaço deixado pela renúncia.

O amor, como a delicadeza, causa estranheza aos desacostumados. A delicadeza conta com o entusiasmo, usa-o como promotora da união. Ela é capaz de expulsar as desistências, produzir esperanças agudas e penetrantes. Salva apenas com um punhado de estímulos preenche o vazio da solidão. A delicadeza promove a calma nos que reagem à sua presença. Convida a entrega de corpo e alma, voa com sonhos simples porque se renova, apresenta-se como nova para as esperas antigas. Ela acorda o dormido e assusta com a calma que promove. Em silêncio, se instala, faz mais rigoroso o compromisso porque cria todas as formas de rir, chorar, sonhar e sofrer. Faz pousar os sonhos mais ousados nos autores, dando seguimento à vontade de estar junto.

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Fracionário

© 2022 Roberto Curi Hallal