ABOLIÇÃO DOS SENTIDOS
AOS ENSAIOS
Escrever ensaios fortalece o desejo ardente, desapropria a tristeza que fica sem ter onde se esconder. Neles se arquitetam novas paixões, descobertas nos lugares mais inauditos. Chamam de volta a imaginação. Assim, as mágoas caem por terra. Descobre-se as maravilhas do cotidiano, como escândalo de um amanhecer, o cheiro dos jasmins pelos canteiros que ousaram ficar por perto. Recolhe-se os arquivos mortos sem violar as leis fundamentais, arranca-se a melancolia do seu crônico lugar e se anima o passado a fazer-se outra vez presente, alimenta-se o desejo de novamente viver.
FAZER ENSAIOS
Fazer ensaios é arremessar sonhos, andar aos trancos e barrancos contra a maré, mesmo que lágrimas irrompam e se precipitem enfurecidas contra o papel. As palavras brotam, partem para lugares ignorados até que se lhes destine onde cada uma deverá ficar. Atiradas como surpresa, deverão roçar o incomum para desandar em arrepios, saudades, intrigas e enredos.
Escritos Fenícios
© 2018 Roberto Curi Hallal